sábado, 20 de novembro de 2010

O passado bateu em minha porta

Era uma tarde ensolarada de verão,tudo parecia perfeito, fio nesta tarde que cheguei ao mundo com a expectativa de que minha vida seria tão bela quanto á tarde de minha chegada.
Ao ver o rosto de minha mãe pela primeira vez fiquei impressionada com tanta beleza, já ela não retribuiu minha felicidade da mesma maneira, quando me colocaram em seus braços sua face não expressou qualquer sentimento, a não ser de rejeição.Depois daquele momento queria conhecer meu pai para saber se seus sentimentos eram diferentes dos de minha mãe, mas ele nunca apareceu.
Minha mãe tinha apenas 16 anos, quando saímos do hospital fomos para um quartinho alugado, já que seus pais a expulsaram de casa quando descobriram que estava grávida.Os anos passaram, fui crescendo e vendo minha mãe fumar e consumir drogas, acabando pouco a pouco com uma vida que mal havia começado.
Um dia me levou para brincar num parquinho, disse que iria comprar sorvete e nunca mais voltou, fui abandonada aos 10 anos e não tinha para onde ir.Eu sabia que muitas crianças que eram abandonadas entravam para o mundo do crime ou das drogas, mas eu não queria isso para mim.Como não tinha para onde ir,morava na rua, passava fome, frio até que um dia me levaram para um orfanato onde passei toda a minha adolescência.
Comecei a trabalhar aos 15 anos, batalhei muito, sempre me dedicava ao máximo a tudo que fazia.Consegui bolsas.Os anos se passaram e consegui realizar meu sonho, ser médica e ter meu próprio consultório.Uma noite estava atendendo no hospital público quando uma mulher entrou na sala, estava fraca, muito magra. Quando vi seu nome na ficha e vi seu rosto percebi que era minha mãe, nunca imaginei vê-la naquela situação, entre a vida e a morte.Ela não me reconheceu e eu nada falei.
Examinei-a, o cigarro corroera seus pulmões, as drogas haviam destruído sua vida.Pedi que a internassem em um quarto particular e dei a ela o melhor tratamento, dediquei-me totalmente a ela.Passaram-se alguns meses, já não podia fazer mais nada.
Em uma tarde ensolarada de verão, fui visitá-la.Ela pegou minha mão e começou a agradecer-me dizendo que eu era um anjo que a ajudou.Nesse momento comecei a chorar e disse-lhe que eu era o anjo que Deus enviou a ela numa tarde ensolarada de verão há 28 anos atrás e que ela abandonou.Ela começou a chorar desesperadamente pedindo perdão.Eu a perdoei dizendo que a amava,foi então que ela me disse que se arrependera e que me amava também.Fui enxugar uma lágrima que caíra em seu rosto,mas não houve tempo,seus olhos se fecharam e seu coração parou cheio de emoção e culpa por ter abandonado o anjo de sua vida.

Autora:Deh Bast

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